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ACV na Indústria: um processo de Evolução Sustentável

Todo processo evolutivo necessita de adaptações ao longo de um determinado período. A palavra “vida” sempre nos remete a uma idéia de tempo. Ao dividirmos o TEMPO em passado, presente e futuro, podemos afirmar que no presente existe uma tendência de conscientização sobre SUSTENTABILIDADE que poderá garantir a própria “VIDA” no espaço de tempo futuro. A metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)por sua vez, sugere que tudo o que ocorre dentro deste espaço de tempo (do nascimento até a morte), ocorre de maneira cíclica, com repetição sucessiva de algumas etapas em certa ordem. A Sustentabilidade faz parte do processo evolutivo na qual as indústrias devem se adaptar com a revisão de conceitos sobre a forma de pensar e agir de modo a tomar decisões ambientalmente corretas, socialmente justas, culturalmente aceitas e economicamente viáveis. Este estudo aborda, de forma simplificada, uma visão de aplicação da metodologia de ACV ( ambiental, social e econômica) na Indústria de modo a contribuir no processo de evolução sustentável.

INTRODUÇÃO
A metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida é uma poderosa ferramenta para a avaliação da sustentabilidade de produtos e serviços uma vez que pode ser aplicada nas dimensões de avaliação de impactos ambientais, sociais e econômicos. No entanto, um dos principais obstáculos para o uso desta ferramenta é a obtenção de dados em um nível de qualidade aceitável, respeitando as devidas fronteiras: regional, temporal e tecnológica. O mesmo produto pode ser considerado sustentável se produzido em uma determinada região e em outra, não, por exemplo. O grau de confiabilidade nos resultados apresentados na avaliação da sustentabilidade de um produto é diretamente proporcional à qualidade dos dados utilizados na fase de análise dos inventários, sejam eles inventários ambientais, sociais ou econômicos.
Quando uma indústria deseja saber se seu produto é sustentável com o uso da metodologia de Avaliação do ciclo de vida, normalmente ela tem dois caminhos a seguir:
1)enviar formulários para seus fornecedores ou
2)fazer uso de bases de dados de inventários do ciclo de vida.
Na primeira opção, é comum se deparar com respostas do tipo “ estes dados não podemos fornecer pois são dados confidenciais da empresa”. Já na segunda opção, indicadores de qualidade dos dados, como os sugeridos por Finnveden (1998), e índices de incerteza e completeza devem ser avaliados como os sugeridos por Weidema (1996) em sua Pedigree Matrix. Esta dificuldade foi a razão do projeto “German network on LCl-data” descrito por Lewandowska (2004).

Este estudo aborda a importância da mudança comportamental da indústria de modo a garantir maior confiabilidade nos dados de execução de uma avaliação do desempenho ambiental, social e econômico por todo o ciclo de vida de um produto, podendo assim contribuir para a mensuração da sustentabilidade do mesmo.

METODOLOGIA
A metodologia empregada para a realização deste artigo compreende na consulta a várias fontes de literatura pertinentes ao tema em conformidade com as normas ISO 14040 e ISO 14044 que sugerem primeiramente a quantificação de todos os aspectos ambientais relacionados à produção de um determinado produto por todo o ciclo de vida, em um sistema de análise de inventário, para a posterior avaliação do impacto ambiental, podendo também ser aplicada em termos econômicos através do LCC ( life cycle costs) e em termos sociais através do SLC ( SOCIETAL LIFE CICLE), conforme sugerido por Hunkeler (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Jensen (2010), toda forma de gerenciamento industrial está diretamente relacionada ao processo de tomada de decisão que termina em uma ação de implementação que busca a persuasão sobre os resultados alcançados.
Na busca pela sustentabilidade, a sociedade como um todo ganhou um novo papel: o papel de STAKEHOLDER e, como principal parte interessada, começa a adotar critérios de desempenho nas dimensões ambiental, social e cultural em conjunto com critérios econômicos na hora de escolher o produto a ser consumido, ou seja, para que um produto cumpra a sua função, é necessário ir muito além de satisfazer o conjunto de características técnicas ou de possibilidades de atuação do mesmo. Dentro de um conceito muito mais abrangente para o termo “desempenho”, a industria conta com a inovação para a diferenciação de seu produto.

“Innovation can be systematically
managed if one knows where and how
to look and it is impossible to manage
what you can not measure”. Druker (1998)

Apesar do método de avaliação do ciclo de vida estar gradualmente se tornando difundido para que a indústria incorpore o fator ambiental no processo produtivo de seus produtos, informações básicas sobre o processo ( entradas de material e energia e saídas de emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos) não estão disponíveis na forma de inventário para uso e gerenciamento (CONCEPTIÓN, 2000).
De acordo com Tillman; Baumann (1995), um estudo de ACV pode ser dividido de acordo com os limites que indicam onde o ciclo de vida se inicia e termina em relação ao meio natural. Desta forma, enquanto um estudo do tipo “cradle to grave” aborda todas as etapas do ciclo de vida, estudos do tipo “cradle to gate” englobam os aspectos desde a extração e beneficiamento dos recursos naturais, incluindo os aspectos de fabricação dos produtos intermediários (insumos), produção de energia ( elétrica e combustíveis utilizados no transporte) até o portão da fábrica do produto em questão, ou seja, aborda inclusive o “gate-to-gate” da empresa. Já a abordagem ” gate-to grave” aborda as etapas de distribuição, uso e disposição final do produto,como pode ser melhor visualizado na Figura 1 a seguir:

figura do artigo apresentado no CILCA2011
Figura 1: Formas de abordagem de uma ACV (Fonte: elaboração da autora)

CONCLUSÃO
Como estamos falando que a sustentabilidade de um produto depende de seu desempenho ao longo do ciclo do vida, é imprescindível que toda indústria faça o monitoramento periódico de seus inventários ambiental, social e econômico em uma fronteira “gate-to-gate”. Com este monitoramento periódico, é possível administrar todos os aspectos ambientais, sociais e econômicos dentro de uma fronteira temporal de um ano, por exemplo. Estes são os dados confidenciais, que não devem sair da empresa mas devem ser objeto de monitoramento constante.
Se partirmos do princípio de que todo estudo de avaliação do ciclo de vida é feito para um determinado “sistema de produto” e que todo “sistema de produto” é formado pelo conjunto de “unidades de processo” e que cada “unidade de processo” nada mais é do que um inventário “gate-to-gate”, podemos concluir que, a partir do momento em que toda indústria monitorar o seu próprio gate-to-gate, a probabilidade de realização de estudos de Avaliação da Sustentabilidade de produtos de forma confiável e consistente, obedecendo-se as devidas fronteiras geográfica, tecnológica e temporal, aumentará significativamente.
Esta afirmação é válida a partir do momento em que, em um futuro próximo, toda empresa seja obrigada a fornecer junto com seu produto o respectivo inventário “cradle to gate” que pode ser denominado de SPDS (Sustainable Product Data Sheet), da mesma forma que um MSDS – Material Safety Data Sheet), na qual, os dados consolidados (com a inclusão dos aspectos relativos a energia do combustível empregado no transporte , produção e uso de energia elétrica, assim como aspectos referentes à produção dos insumos utilizados no processo produtivo) deixam de ser confidenciais e passam a ser parte integrante do inventário “cradle to gate” do produto produzido pelo seu cliente, formando assim um ciclo, como pode ser observado na Figura 2 a seguir.

figura do artigo apresentado no CILCA2011

Figura 2: Inventário cradle to gate ( PSDS )(Fonte: elaboração da autora)

Neste caso, é possível avaliar o nível de completeza do inventário “cradle to gate” a partir da fonte de dados ( dados primários, enviados pelo fornecedor ou dados secundários oriundos de base de dados) e obter maior consistência de resultados na fase de avaliação de impactos ambientais, sociais e econômicos e conseqüente avaliação da sustentabilidade. Desta forma, toda indústria entrará no processo de EVOLUÇÃO SUSTENTÁVEL.

DADOS SOBRE A AUTORA
Rita de Cássia Monteiro Marzullo
rita.monteiro@alumni.usp.br
Laboratório de Avaliação do Ciclo de Vida
Instituto de Energia e Ambiente
Universidade de Sao Paulo (IEE/USP)
Artigo apresentado na forma de poster no CILCA 2011 em Coatzacoalcos- México

Mais informações em
www.meet.com.br
alquimia95
logotipo de CILCA2011

REFERENCIAS

CONCEPTIÓN J.-G.and Kim and Overcash, Methodology for developing gate-to-gate Life cycle inventory information –
2000, Int. J. LCA 5 (3) 2000 , Volume 5, Number 3, Pages 153-159

DRUCKER, P. – The Discipline of Innovation – Harvard Business Review – Reprint 98604 – december 1998 – available in http://cobweb2.louisville.edu/faculty/regbruce/bruceintl//drucker.pdf

FINNVEDEN, G. and Lindfors, L.G. – Data Quality of Life Cycle Inventory Data- Rules of Thumb – Letters to the Editor – Int. J. LCA 3 (2) 1998

HUNKELER, D. and Rebitze, G.- The Future of Life Cycle Assessment – Int J LCA 10 (5) 2005 , Volume 10, Number 5, Pages 305-308

JENSEN, H. S. (2010) “Management – decision and interpretation”, Journal of Organizational Change Management, Vol. 23 Iss: 2, pp.134 – 136

WEIDEMA B.P, Wesnaes MS (1996): Data Quality Management for Life Cycle Inventories – An Example of Using Data Quality Indicators.
Journal of Cleaner Production 4 (3-4) 167-17

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