Dra. Rita de Cássia Monteiro Marzullo
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Dentro da transversalidade exigida pelo desafio da sustentabilidade, o financiamento sustentável refere-se ao processo de considerar boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) ao tomar decisões de investimento no mercado de capitais. Diante da complexidade desta governança, o mercado de trabalho requer uma compreensão clara das transformações qualitativas que as organizações devem se adaptar quanto ao conteúdo das atividades de trabalho.
Quando falamos sobre as habilidades necessárias para ocupar determinadas funções no mundo corporativo, estamos falando da aptidão que cada pessoa deve ter em relação a uma determinada área da empresa, tanto na dimensão administrativa quanto na dimensão produtiva. Para uma boa governança sobre as responsabilidades socioambientais, as implicações para a força de trabalho são múltiplas e abrangem o surgimento de novas categorias profissionais.
A ação normativa da OIT ( Organização Internacional do Trabalho), encabeçada pelo ODS número 8, representa um grande trunfo dentro da agenda do desenvolvimento sustentável. O ponto alto do posicionamento normativo sobre o tema ocorreu no final da Conferência Internacional do Trabalho de 21 de junho de 2019, com a adoção da “Declaração do Centenário para o Futuro do Trabalho” considerando um “futuro do trabalho” que contribua para o desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental.
Entretanto, apesar de um intenso debate sobre as oportunidades e os desafios que a sustentabilidade ambiental deve trazer no mundo do trabalho, não há uma definição padrão de “emprego verde” e não há critérios consistentes sobre como classificar essa classe específica de ocupação. Uma das possibilidades é relacionar esta classe de trabalho para as funções que ajudem a atingir todos os ODSs, com enfase nos ODSs 6,7,9,11,12,13,14,15,16 e 17.
Com a explosão dos critérios ESG para o mercado financeiro, é natural que os “empregos verdes” estejam sob o guarda-chuva da diretoria de sustentabilidade, ou diretoria de ESG da empresa. Uma simples adesão do mundo corporativo a esta prática, destinando uma pequena porcentagem de seu faturamento para a criação de novos cargos “verdes”, seria capaz de movimentar a economia global rumo ao desenvolvimento sustentável, além de proporcionar ganhos reais para a própria empresa. Uma pesquisa recente divulgada pelo jornal VALOR ECONOMICO revela estudo com 329 executivos de 53 países, inclusive o Brasil, mostrando que é papel do presidente da empresa disseminar a cartilha ESG. Dentro do processo de transição econômica, acredita-se que esta não seja uma boa opção devido ao enorme volume de variáveis que devem ser analisadas no processo de tomada de decisão. Estas variáveis compõem todos os aspectos que geram os impactos causados pela poluição lançada na atmosfera, na litosfera e na hidrosfera, por toda a cadeia de valor, além dos impactos sociais relacionados ao “negócio”. O ideal seria a construção de vários cenários futuros pelo CSO para que o CEO tome a decisão apropriada. Por esta razão, O cargo de CSO (Chief Sustainability Officer) é extremamente importante e emergente.
A pergunta que fica é : qual o custo-benefício sobre a criação deste novo departamento interdisciplinar e transversal em uma empresa ?
REFERENCIAS
ChloéDidry et MaïlisFranck, 2022, “A OIT e a questão ambiental para uma transição justa e uma paz compartilhada” ;Apresentado no desafio CESE AF OIT Dalloz 2022 Para a promoção do Mestrado em Direito Social 1º ano Aix Marseille U niversity
Consoli, Davide, Giovanni Marin, Alberto Marzucchi, and Francesco Vona. “Do Green Jobs Differ from Non-green Jobs in Terms of Skills and Human Capital?” Research Policy 45.5 (2016): 1046-060. Web.
União Europeia – Overview of sustainable finance https://ec.europa.eu/info/business-economy-euro/banking-and-finance/sustainable-finance/overview-sustainable-finance_en#ipsf
Executive Forums – The Rise of the Chief Sustainability Officer
https://executiveforums.com/the-rise-of-the-chief-sustainability-officer/
Acre resourses – The Emergence of the Chief Sustainability Officer
http://assets.acre.com/white_papers/The_Emergence_of_the_CSO.pdf